sábado, 3 de novembro de 2007

Evolução incomoda?

Estive, ontem, em Praia do Forte...fiquei abismada. Embora alguns amigos já tivessem comentado sobre a enorme movimentação de turistas, só tive a real dimensão do fato ao ver, com meus próprios olhos (se é possível ver senão com eles mesmos), um autêntico exemplar do que se costuma chamar Turismo de Massa. Mais que o grande fluxo de visitantes, nacionais e estrangeiros (estes principalmente), o que mais me impressionou foi o acelerado processo de urbanização local. Eu, que tive a oportunidade de conhecer Praia do Forte praticamente virgem, em seu esplendor de autenticidade natural e cultural, não pensei em tamanha velocidade de crescimento. Alerto que não se trata de saudosismo, são apenas memórias. Quem me visse, olhando de um lado para outro, avaliando tudo, meio que boquiaberta, poderia até pensar que se tratava de uma turista, de procedência bem interiorana, desacostumada com esses ambientes. Efetivamente, a “civilização” chegou lá com toda força: são tantos condomínios de chalés e villages, tantas lojinhas, bares e restaurantes, quiosques, hotéis e pousadas, caixas eletrônicos etc. Os espaços públicos são cada vez mais restritos: loteou-se tudo, até o acesso à praia, hoje, é mais difícil. Não restam dúvidas: Praia do Forte é uma aldeia global. Ali, vê-se, fala-se e ouve-se de tudo um pouco. O acesso é até razoável, de um paisagismo interessante, porém, em se tratando de estacionamento, a situação complica...e como! Pareceu-me faltar planejamento e organização espacial. Ao menos em relação a outras localidades do Litoral Norte, há um maior controle de estacionamento dos veículos nas ruas, apresentando, inclusive, sinalização. Em Jauá e Jacuípe, está praticamente inviável transitar de carro: as ruas (diga-se, becos) são estreitas, os motoristas estacionam seus veículos em ambos os lados, em uma clara demonstração de falta de consciência cidadã, e, para variar, não há fiscalização. Com tristeza, vi muita sujeira, lixo acumulado e espalhado pelas ruas, nos jardins...definitivamente, a “civilização” aportou para lá ficar, deixando seu poderoso rastro. Fiquei pouco tempo, não podendo, por isso, fazer uma apreciação pessoal acerca do aspecto cultural, mas pude perceber, enquanto percorria o vilarejo, um dos mais evidentes sinais de homogeneização cultural: o artesanato dito local não difere, em quase nada, do encontrado em muitas localidades por que passei, inclusive o que é comercializado nas praias de Salvador e no próprio Centro Histórico. Saí de lá com uma forte sensação: como uma quase profissional de Turismo, fiquei devendo uma visita mais consistente. Mas não faltarão oportunidades...que seja logo!

sábado, 20 de outubro de 2007

E por falar em flores...


Aproveitando que a primavera já chegou, com todo o seu característico vigor e indiscutível beleza, falemos de flores. Em um primeiro momento, alguns podem até se perguntar: qual a relação entre flores e Turismo? Aparentemente, nada, mas tem tudo a ver. São muitos os destinos internacionais e nacionais em que elas são a motivação turística primária. E nem só para ornamentação servem as flores: hoje, a gastronomia faz amplo uso desse recurso que tem sido considerado atraente não apenas do ponto de vista de seu visual, bastante diverso, como também do paladar.

Nas últimas décadas, o Turismo Gastronômico tem crescido significativamente, em especial no continente europeu, onde já há uma tradição culinária muito forte, a exemplo de Itália, Espanha, Portugal, França e Alemanha. Na América Latina, a gastronomia é um dos mais importantes elementos culturais, de forte cunho identitário. Brasil e México se destacam, pela grande e variada influência de colonizadores e imigrantes: portugueses, espanhóis, japoneses, africanos, indígenas, povos pré-colombianos (como os astecas). Tendo em vista o comprovado incremento do interesse pela culinária local e regional de muitos destinos turísticos, as administrações municipais, estaduais e federal têm investido em sua divulgação, no intento de mais e mais atrair e fidelizar turistas. Aliás, essa tem sido uma das mais relevantes metas do Turismo mundial, mais especialmente do Brasil: aumentar a captação, os gastos e o tempo de permanência dos turistas, favorecendo, desse modo, a arrecadação de impostos, bem como a geração de emprego – direto e indireto - e renda.

No mercado brasileiro, em se tratando de produção e comercialização de flores e plantas, o destaque é a cidade de Holambra, no Estado de São Paulo, conhecida como “cidade das flores”. Com cerca de dez mil habitantes, Holambra tem por base econômica a agropecuária - englobando a horticultura, a citricultura, a produção de laticínios e de produtos derivados de suínos e aves – e o turismo. Sua produção de flores e plantas exóticas é volumosa e de alta qualidade, constando, inclusive, de sua pauta de exportações. Atualmente, há na cidade, aproximadamente, cerca de 100 floricultores ocupando uma área de 106 hectares em estufas, além de cerca de 130 hectares de rosas cultivadas em campo aberto.

Conhecida como estância turística, apresenta uma arquitetura bastante peculiar, de forte influência holandesa, além de um rico e variado calendário de eventos, contando com a participação de brasileiros e estrangeiros, o que tem rendido, para o município e seu entorno, significativos negócios. Seu público é, fundamentalmente, composto por floristas, decoradores, organizadores de festas, “buffets”, promotores de eventos; produtores; atacadistas e distribuidores.

Entre os eventos, ressaltam-se a Exploflora, maior feira no segmento em toda a América Latina, realizada anualmente no mês de setembro; o Enflor (Encontro Nacional de Floristas), o Gardenfair e a Hortitec. Da programação desses eventos, constam atividades como Feira de Acessórios, Flores e Plantas; Congresso para Floristas (Arte Floral e Palestras); Oficinas de Arte Floral; Vitrines de flores e plantas (diversas regiões); Decorações; e Ambientação para festas.

Mas nem só de floricultura e arte floral vive Holambra. O município é sede, também, de eventos esportivos, tais como o Trekker-Trek (competição de arrancada de tratores), a Corrida na Lama (prova individual com obstáculos naturais e artificiais), a Gincana de Charretes (competição em equipes) e a Média Paulista de Ciclismo.

Eventos de cunho religioso, como a Semana Santa, têm lugar especial na Cidade das Flores. A Prefeitura Municipal promove a exposição das 13 Estações da Via Sacra, sendo montados painéis e esculturas gigantescas, em que são utilizados diversos materiais, entre os quais placas de madeira, isopor, tecido, fibra de vidro sintética e tintas especiais. Também a festa natalina é um espetáculo de grande luminosidade, encantamento e beleza em Holambra. A Prefeitura Municipal organiza uma decoração muito bela e divertida. Estruturas em tamanho natural chamam a atenção: Papai Noel Esportivo, Papai Noel do Pólo Norte, Chuva de Neve, Presépio, Casa do Papai Noel, Vila de Natal e Árvore Cantante. Um encantador Desfile de Natal completa a festividade.

Na Bahia, o Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio a Pequenas e Médias Empresas – implementa um importante projeto de promoção do desenvolvimento integrado e sustentável das regiões com potencial para a floricultura tropical e temperada, chamado Cadeia Produtiva de Floricultura . São promovidas ações de capacitação dos produtores, melhoria do processo produtivo, facilitação do acesso à informação tecnológica e formação de associações para a compra de insumos e venda de produtos. Entre os municípios atendidos, vale salientar, por região: Amélia Rodrigues e Mata de São João (Litoral Norte); Valença, Camamu, Nilo Peçanha, Ituberá, Taperoá e Piraí do Norte (Baixo Sul); Ilhéus, Itabuna, Santa Cruz da Vitória e Canavieiras (Sul); Maracás, Jaguaquara, Lajedo do Tabocal e Vitória da Conquista (Sudoeste); Mucugê, Andaraí, Lençóis, Barra da Estiva, Rio de Contas, Bonito, Ibicoara, Piatã, Seabra e Palmeiras (Chapada Diamantina); Morro do Chapéu e Senhor do Bonfim (Piemonte da Diamantina). É o agronegócio expandindo fronteiras, gerando trabalho e renda, promovendo, assim, a inclusão social, um dos pilares da sustentabilidade.

Constata-se que as relações de consumo têm se transformado rápida e radicalmente também no mercado de floricultura: mesmo que em nossa cultura predomine, ainda, o sentido da visão, na atualidade as flores despertam as mais variadas sensações, especialmente a olfativa (muito explorada pela indústria química e de cosméticos) e a gustativa. Graças a elas, muitas cidades descobriram seu potencial turístico, bem como ampliaram sua base econômica. Nesse sentido, a atividade turística se apresenta em diversas modalidades: Turismo de Natureza, Turismo de Observação, Turismo Cultural e Turismo de Saúde, entre outros.

P.S.: Imagens retiradas do Google Images. As fotos das extremidades são da cidade de Holambra.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Festival de Lençóis: Nova Programação

A título de retificação, informamos que o evento está programado para acontecer no período de 24 a 28 de outubro, com atrações musicais de reconhecimento nacional e internacional, tais como Xangai; Lobão; Carlinhos Brown; Isabella Taviani e os sambistas Mariene de Castro, Edil Pacheco e Nelson Rufino. Diversas oficinas serão oferecidas, durante todos os dias do evento: fotografia, pintura, artesanato (em retalhos, em papel, em tecido, em madeira etc), arte em pedra, papel reciclado, fantoches e trilha interpretativa. Sem dúvida, grande oportunidade de diversão e qualificação profissional.

sábado, 13 de outubro de 2007

VOCÊ SABIA?

* Que no dia 27 de setembro se comemora o Dia Mundial do Turismo, com o propósito principal de promover, nas sociedades, a consciência para a importância da atividade turística e de seus valores sociais, cultural, políticos e econômicos?

* Que o Plano Nacional de Turismo – PNT (2007-2010) prevê investimentos de r$ 6,6 bilhões do orçamento federal, além de projetar a geração de 1,7 milhão de novos empregos e a entrada de us$ 7,7 bilhões em divisas para o país?

* Que o Plano Aquarela foi desenvolvido pelo Ministério do Turismo, por meio da Diretoria de Marketing e Relações Institucionais da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo), para a promoção de todas as ações de divulgação do país no exterior, servindo de base para as ações de promoção, marketing e apoio à comercialização dos destinos, produtos e serviços turísticos brasileiros nos próximos anos?

* Que o Programa de Regionalização do Turismo é um modelo de gestão descentralizada, coordenada e integrada, que visa transformar a ação centrada na unidade municipal para uma política pública mobilizadora de planejamento e coordenação, com vistas ao desenvolvimento turístico local, regional, estadual e nacional, de forma articulada e compartlhada?

* Que o governo federal brasileiro objetiva, através da regionalização do turismo, ampliar e qualificar o mercado de trabalho, dar qualidade ao produto turístico brasileiro, diversificar a oferta turística, estruturar os destinos turísticos, ampliar o consumo turístico no mercado nacional, aumentar a inserção competitiva do produto turístico nacional no mercado internacional, ampliar o consumo turístico no mercado nacional e aumentar o tempo de permanência e gasto médio do turista nos destinos brasileiros?

*Que foi encaminhado à apreciação do Congresso Nacional, em setembro último, pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva, o projeto da Lei Geral do Turismo, objetivando garantir a continuidade e o fortalecimento da Política Nacional do Turismo, bem como a normatização do Plano Nacional do Turismo, além de estabelecer a conceituação do Turismo enquanto atividade econômica e disciplinar a prestação de serviços turísticos e estabelecer as regras para sua fiscalização?

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

A Fé que atrai multidões e movimenta milhões


Religião sempre foi tema polêmico. E continua a ser. Prova disso é que muitos conflitos, de pequenas e grandes proporções, como as guerras, são, ainda hoje, “supostamente” travadas em nome de Deus. Muito freqüentemente, convicções religiosas radicalizam-se, surgindo, assim, os fundamentalismos, responsáveis pela destruição irracional de cidades, inclusive as consideradas sagradas, e pela perda lamentável de inúmeras vidas. Para alguns, essa temática é praticamente um tabu, justificando o antigo ditado popular que diz: “Religião não se discute”. Penso ser incompreensível que, a despeito de tamanha evolução econômica, social e cultural por que temos passado, homens ditos civilizados usem de preceitos e dogmas sagrados, que, ao menos teoricamente, visam ao bem-estar geral e à paz, para obtenção e manutenção de poder material. A meu ver, tais atitudes chegam a ser paradoxais e, portanto, injustificadas.

Creio que nunca na história da humanidade foi tão importante, digo imprescindível, a necessidade de fortalecer valores morais e éticos como a tolerância e o respeito às diferenças. Até porque vivemos em um mundo de enorme diversidade, em todos os sentidos: geográfica, política, econômica, étnica, cultural, social. Enfim, somos todos muito diferentes, graças a Deus! Sendo assim, por que não aceitá-las? A meu ver, são essas pequenas e grandes diferenças que valorizam a vida humana, que nos inspiram e incitam a refletir nossas existências e experiências, que nos possibilitam inovar e renovar atitudes e comportamentos. Não podemos perder de vista que a religião é, em sua essência, um traço identitário de um indivíduo ou grupo, compondo, portanto, sua cultura. Para mim, em se tratando de aspectos culturais, deve-se ter bastante cautela ao se fazer comparações, principalmente quando estão em estágios evolutivos significativamente distintos, podendo-se, assim, incorrer em injustiças muitas vezes inconseqüentes e irremediáveis.

Na verdade, essa reflexão de caráter pessoal foi uma breve introdução ao tratamento de um dos assuntos mais caros ao setor do Turismo: o volumoso deslocamento de visitantes e turistas – ditos peregrinos – a diversos destinos turísticos de apelo religioso, seja em datas comemorativas ou não. Esses movimentos configuram os chamados “Roteiros da Fé”, cada vez mais disseminados nacional e internacionalmente. O Turismo Religioso figura como uma das principais modalidades de atividade turística em âmbito mundial, mais especialmente no Brasil, considerado o maior país católico do mundo. A despeito do Catolicismo ser, ainda, a prática religiosa dominante, outras religiões – Islamismo, Judaísmo, Protestantismo, Candomblé, entre outras – costumam atrair milhares de fiéis a seus ”templos”, movimentando vigorosamente as economias locais e regionais, principalmente no que diz respeito ao comércio e prestação de serviços.

Para o Ministério do Turismo brasileiro (Mtur), “O Turismo Religioso configura-se pelas atividades turísticas decorrentes da busca espiritual e da prática religiosa em espaços e eventos relacionados às religiões institucionalizadas”. Consiste na realização de visitas a locais que expressam sentimentos místicos ou suscitam a fé, a esperança e a caridade nos fiéis. Na prática, são verdadeiros espetáculos de fé e devoção. Ao mesmo tempo em que se presenciam cenas de amor e crença inconteste, capazes de nos causar encantamento, há também cenas dolorosas de flagelação, que nos provocam fortes emoções. São as ambigüidades da interpretação e da prática da fé.

Fora do Brasil, destacam-se: Cidade do México, em função de N. Sra. de Guadalupe, reconhecida como a protetora das Américas; Fátima, em Portugal; Santiago de Compostela, na Espanha; Lourdes, na França; Swieta Lipka, na Polônia; Assis, Roma e Vaticano, na Itália; os mais de 100 mosteiros da Suíça; Jerusalém (Terra Santa), em Israel; Llasa, capital do Tibet, na China, onde vive o Dalai Lama; Meca, na Península Arábica, a mais importante das cidades santas do Islã, onde nasceu o profeta Maomé; Delfos, na Grécia, onde se situa o famoso Oráculo de Delphos, localizado no interior de um templo dedicado ao deus Apolo; Kasi ou Benarés, cidade sagrada da Índia; e, mais recentemente, em virtude da posse do Papa Bento XVI, a cidade de Munique, na Alemanha.

No Brasil, são mais de 50 os destinos religiosos espalhados de norte a sul do país. Entre os mais relevantes, ressaltam: Belém do Pará (PA), onde cerca de dois a três milhões de devotos disputam a corda da berlinda de Nossa Senhora de Nazaré, na famosa festa do Círio de Nazaré; Juazeiro do Norte (CE), onde aproximadamente dois milhões de fiéis celebram, no dia 24 de março, sua fé em Padre Cícero; Nova Trena (SC), que recebe, por ano, 250 mil devotos de Madre Paulina; e Bom Jesus da Lapa (BA), conhecida como a capital baiana da fé, concentra, no mês de agosto, a segunda maior festa religiosa católica do país, com milhares de fiéis, sendo conhecida como Procissão ou Romaria do Bom Jesus. Em função da canonização, pelo Vaticano, de Frei Galvão, conhecido como o protetor das parturientes, Guaratinguetá (SP), sua terra natal, é o mais novo destino de fé do país.

Porém, uma vez que estamos no mês de outubro, vale salientar o principal destino turístico brasileiro de cunho religioso: Aparecida do Norte, na região do Vale do Paraíba (SP), conhecida mundialmente como uma estância turístico-religiosa, onde muitos milhares de fiéis celebram, anualmente, dos dias 03 a 12, a padroeira do Brasil, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, com ricas e emocionantes novenas e missas festivas, celebradas tanto na Catedral-Basílica de Nossa Senhora Aparecida – conhecida como “Basílica Nova” - quanto na Basílica Nacional de Aparecida - dita “Basílica Velha”. Ao ano, são cerca de sete a oito milhões de visitantes. Os devotos usufruem, no Santuário, de uma infra-estrutura turística bastante satisfatória, para o que contam com o Complexo Administrativo e Turístico e o Centro de Apoio ao Romeiro, onde se pratica um amplo comércio para todos os gostos (e bolsos). Há, também, sala de batizados, capela da penitência, sala das promessas, berçário, bazar, museu, galeria de exposições, consultório médico e amplo estacionamento. Muitos também são os meios de hospedagem e estabelecimentos alimentícios distribuídos pela cidade. Até para as crianças (embora não só para elas) há opção de entretenimento: um grande parque de diversões, onde são desenvolvidas atividades lúdicas e culturais.

Aparecida do Norte é uma cidade relativamente pequena, com cerca de 112 Km² e aproximadamente 35 mil habitantes, mas possui um grande patrimônio histórico e cultural, composto de prédios antigos, monumentos, antigos seminários e igrejas, em grande parte de arquitetura marcadamente seiscentista, que merecem uma cuidadosa visita e apreciação. Por ocasião do Carnaval, o município dispõe de retiros espirituais para os que desejam afastar-se das atividades profanas típicas da festa momesca. A cidade é também movimentada pela festa de São Benedito, que ocorre uma semana após a Páscoa, congregando milhares de devotos.

O que se pode constatar é que essa modalidade turística representa importante alavanca econômica, entretanto há que se fazer um permanente acompanhamento da atividade e de seus fluxos, no sentido de evitarem-se as problemáticas comuns da massificação: excesso da capacidade de carga da cidade e seu entorno (com comprometimento da infra-estrutura básica), congestionamentos, incremento da poluição (água, solo, ar), superlotação dos locais de visitação e adoração, além do sempre possível risco de descaracterização da autenticidade cultural local. Mais uma vez, planejamento, organização e consciência crítica são essenciais. Aliás, o que é o Turismo sem tais estratégias?

P.S.: Imagens retiradas do Google Images. Da esquerda para a direita: Meca / Aparecida do Norte / Grécia (Delfos)

domingo, 7 de outubro de 2007

OKTOBERFEST: Turismo de Eventos e Negócios é alternativa à sazonalidade turística



Férias tem sido, praticamente, sinônimo de Turismo de Lazer e Entretenimento. E é evidente, também, a superior demanda dos turistas por destinos de grande riqueza natural, em áreas de litoral ou de campo. Praias, dunas, rios, cachoeiras, cânions, grutas e cavernas, montanhas e serras são importantes motivações ao deslocamento das pessoas que desejam curtir a natureza, relaxar e repor as energias. Mas também constituem ambientes não apenas apropriados, mas bastante convidativos para a prática de esportes, inclusive radicais. Não é à toa que cresce significativamente, em todo o mundo, o interesse por destinos ecoturísticos.

Porém, tais recursos e práticas requisitam condições climáticas favoráveis, de preferência com incidência de sol e brisa, bem típicos do verão e da primavera. Além disso, sabe-se que a atividade turística está fortemente atrelada a determinados períodos do ano, como férias escolares e datas festivas e comemorativas. Então, o que fazer na dita baixa temporada? Empresas de variados ramos de atividade, seja na comercialização de produtos seja na prestação de serviços, buscam uma forma eficaz de compensação para os meses de baixa demanda turística. Elas precisam sobreviver durante todo o ano, pois seus custos - especialmente, os fixos - costumam ser elevados. Então, como manter a empregabilidade, quando a arrecadação despenca? Nem mesmo o incremento na oferta de recursos culturais e históricos tem sido suficiente para reverter as significativas quedas no faturamento das empresas.

De fato, vencer a “sazonalidade” da atividade turística tem sido um dos maiores desafios dos diversos destinos turísticos de todo o mundo, em especial os que têm, no Turismo, sua base econômica, bem como os que têm por alicerce principal a oferta de sol e praia, como é o caso da maioria dos estados brasileiros situados na extensa faixa litorânea do país. Na última década, no Brasil, as modalidades turísticas de Eventos e de Negócios têm se revelado relevantes alternativas, para o que é fundamental investir em qualificação profissional, tecnologia e logística.

A despeito de ser um país tipicamente tropical, sem estações tão bem definidas, o Brasil apresenta sua alta estação concentrada, em geral, no período de verão (de dezembro a março) e nos meses de junho e julho (a depender da região). Porém, sua riqueza histórica e cultural permite formatar um amplo e variado calendário comemorativo. Assim é que as administrações municipais e estaduais investem no reforço de seus calendários festivos locais e regionais, na tentativa de atrair turistas para suas comemorações de caráter religioso, cívico e popular. É muito comum que certos eventos, há pouco tempo restritos, de pequeno porte e de cunho local ou regional, ganhem fama e tornem-se megaeventos, reconhecidos nacional e internacionalmente.

No Brasil, outubro é, sem dúvidas, um mês significativamente propício ao Turismo de Eventos. Um dos eventos de maior expressividade é a Oktoberfest, que acontece anualmente na cidade de Blumenau, no estado de Santa Catarina. Nesse ano de 2007, no período de 04 a 21, ela vive sua 24ª edição. A exemplo de toda a região sul brasileira, a fortíssima influência germânica se faz presente como a motivação maior para a festividade. Os blumenauenses, juntamente com convidados, turistas e curiosos, celebram a vida e as tradições dos imigrantes alemães que ajudaram a construir o país de forma tão diversa e enriquecedora. Porém, essa festa é celebrada também em outras cidades do Sul, tais como Santa Cruz do Sul (RS) e Igrejinha (RS).

A versão brasileira inspirou-se na maior festa da cerveja do mundo, a Oktoberfest de Munique, na Alemanha, iniciada no ano de 1810, por ocasião do casamento do Rei Luis I da Baviera com a Princesa Tereza da Saxônia. Lá, a Oktoberfest se inicia em meados de setembro e termina duas semanas mais tarde, no primeiro domingo de outubro.

Durante todo o evento, popularmente conhecido como “festival do chope”, residentes e turistas desfrutam de diversas atrações: feira cultural e artesanal; apresentações de bandas e grupos folclóricos; desfiles de carros e fanfarras, com a presença da rainha e das princesas; cervejarias (onde se pode beber o famoso “chope em metro”, motivo para competição com direito a premiação) e parque de diversões.

A Oktoberfest possui grande representatividade econômica pra o município e toda a região, o que se pode comprovar por seus impressionantes dados estatísticos: de sua primeira edição, em 1984, até o ano passado, acumulou um público de mais de 15,5 milhões de pessoas, com um consumo superior a nove milhões de litros de chope. São, em média, cerca de 700 mil pessoas por ano, admirando e usufruindo a autêntica cultura alemã: seus trajes típicos, sua música, suas danças, sua culinária, seu folclore. Diante de tais números, pode-se até imaginar o quanto esse evento movimenta a cadeia produtiva de consumo – hospedagem, alimentação, transporte, comunicação, artesanato, comércio etc – aumentando, consideravelmente, a arrecadação tributária.

Sugiro que esse modelo de preservação da autenticidade cultural de um povo sirva de inspiração a diversas manifestações culturais do país, ao contrário do que vem ocorrendo com o Carnaval baiano. Cabe ressaltar, também, a efetividade do Turismo de Eventos e Negócios como alternativa à sazonalidade turística, desde que devidamente planejado, organizado e executado.

Saiba mais sobre a OktoberFest Brasil.






P.S.: Vídeo retirado do YouTube.
P.S.: Imagens retiradas do Google Images.

sábado, 6 de outubro de 2007

Canudos: História, Cultura e Turismo Sustentável.




Para quem não sabe, mas se interessa pela cultura sertaneja, comemora-se, nesse mês de outubro, o 110º aniversário da Guerra de Canudos (1893 – 1897), um dos mais relevantes movimentos sócio-religiosos do país. É o momento de reverenciar seu líder, Antônio Conselheiro, homem de fortes e honestas convicções, que lutou por dignidade e justiça para o povo do Sertão. As bibliotecas do Estado estarão apresentando, para a população, exposições e atividades gratuitas durante todo o mês. Como aluna do curso de Turismo e Hotelaria da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), tive a oportunidade de estar em Canudos por três vezes, acompanhando professores e alunos que desenvolvem um projeto de significativa importância não só para o universo acadêmico e o município, mas para o Estado da Bahia. De nome “A Caminho dos Sertões de Canudos”, esse projeto, idealizado pelos professores Roberto Dantas e Sérgio Guerra, do Departamento de Ciências Humanas do Campus I, em Salvador, visa à implementação de uma política ecologicamente responsável para o setor do turismo na região do entorno de Canudos, o que equivale a dizer que busca o desenvolvimento do turismo sustentável na região. Além de seu caráter histórico-cultural, revela-se de fundamental importância para aquela comunidade que, fortemente carente, padece com os grandes males da atualidade: desemprego, uso de drogas, alcoolismo e prostituição. Na verdade, esse projeto representa um fio de esperança para várias famílias que vêem seus jovens sem grandes perspectivas de futuro, mesmo já tendo concluído seus estudos básicos (fundamental e médio). Para quem deseja se aprofundar no assunto, a literatura já é bastante razoável. O pleno desenvolvimento desse projeto depende, fundamentalmente, da participação e do apoio de órgãos governamentais, de entidades do setor privado e da sociedade civil. Todos podemos colaborar. Certamente que vale a pena, tendo em vista as animadoras possibilidades de recuperação econômica, social e cultural da região e entorno.

P.S.: Filme retirado do YouTube.