quarta-feira, 15 de agosto de 2007

E falando de Salvador...


Salvador é, inegavelmente, uma cidade, ao menos do ponto de vista geográfico, privilegiada. E linda...linda de viver! A ela se chega por terra, água e mar, e logo se percebe sua grandiosidade. Salvador possui um forte poder de sedução, começando por oferecer um clima bastante agradável. Há quem a considere um lugar exótico, verdadeiramente único, pois, nela, pode-se morar e sentir-se estrangeiro, ser turista e sentir-se nativo. Há também quem diga que, a cada esquina, é possível encontrar uma surpresa. Especialmente durante o verão, quando, parece, nossos sentidos se aguçam, a cidade fica mais iluminada, dinâmica, alegre.

Debruçada sobre a Baía de Todos os Santos, a segunda maior do país, em pleno Recôncavo Baiano, Salvador revela sua magnitude não apenas em sua riqueza natural, mas, essencialmente, em sua diversidade racial e cultural. Oficialmente fundada em 29 de março de 1549, foi a capital brasileira durante 214 anos, quando, em 1763, assumiu o posto a cidade do Rio de Janeiro. O que, ressalte-se aqui, não ofuscou seu brilho nem extraiu sua importância para o país. 458 anos decorreram desde sua fundação, conformando-se como um dos mais importantes destinos turísticos brasileiros, ainda não plenamente explorada, tamanha a riqueza de seus atrativos e atrações turísticas, com ênfase para sua arquitetura bastante singular.

Sua atratividade se justifica pela grande e variada oferta de bens e serviços, como praias; parques; igrejas; terreiros; museus; praças; monumentos e prédios históricos; faróis; teatros; cinemas; mercados e feiras; bares, lanchonetes, delicatessens e restaurantes; shoppings centers; ruas, avenidas e ladeiras, cujos assoalhos, muitas vezes de pedras, falam, por si mesmos, de sua história, das muitas influências e das lutas travadas em nome de sua construção, preservação e posse. E, em especial, ressalta aos olhos uma característica que lhe é bem peculiar: nela, duas cidades, a alta e a baixa, embora com características bem distintas, encontram sua interseção em um de seus mais famosos pontos turísticos, o Elevador Lacerda, de grande beleza e funcionalidade.

E o que falar do povo baiano? É praticamente uma unanimidade a admiração que se tem por ele, graças a sua força, alegria e criatividade. Não é à toa que tanto se fala nessa tal de “baianidade”, que, curiosamente, causa tanta polêmica entre os estudiosos – antropólogos, sociólogos, filósofos, psicólogos etc – e que muitos de nós nem ousa tentar definir, até mesmo por não sabê-lo. O fato é que, para quem já teve a oportunidade de conhecer os diversos cantos e recantos desse país, há, sim, algo de diferente no povo da Bahia.

Salvador, que já foi conhecida como Vila do Pereira (em alusão ao primeiro donatário da Capitania da Bahia, Francisco Pereira Coutinho), Vila do Porto da Barra e Vila Velha, surgiu como um pequeno comércio próximo à única praia, à época, com condições naturais para a aproximação de embarcações, a enseada do Porto da Barra. Porém, foi o trecho que vai da atual Praça Castro Alves até a Praça Municipal, o plano mais alto do sítio, o escolhido para sediar a construção da “cidade fortaleza”. Foi a Avenida Sete de Setembro (ou, simplesmente, Avenida Sete), com cerca de 5 Km de extensão, um dos principais vetores de expansão da cidade, promovida, no século XIX, pelos ingleses. Começava, então, a mudar o conceito de moradia em Salvador e, assim, foram surgindo alguns dos mais nobres bairros da cidade, tais como Barra, Graça e Vitória.

A cidade de Salvador é tombada como Patrimônio Histórico da Humanidade, figurando, em âmbito mundial, entre as cidades que melhor preservam o seu patrimônio, integrando a Organização das Cidades do Patrimônio Histórico Mundial. O patrimônio histórico de Salvador, que reúne casarões, prédios, sobrados, capelas, igrejas, basílicas, palácios, palacetes, parques, terreiros de candomblé e solares, além da azulejaria portuguesa e relíquias em metais preciosos, é considerado o maior conjunto arquitetônico colonial da América Latina, tombado pela UNESCO em 1985, com quase 3.000 imóveis dos séculos XVII, XVIII e XIX, constituindo, assim, um documento vivo da história do Brasil colonial.

Apesar de toda essa opulência histórica, religiosa, cultural e econômica, e ser a capital do Estado da Bahia, uma das mais significativas economias nacionais (sem dúvdas, a mais consistente do Nordeste Brasileiro), Salvador padece, já há algumas décadas, a exemplo das principais metrópoles do país, de graves problemas sociais: desemprego, pobreza, fome, violência, preconceitos, entre muitos outros. A despeito de sua imensa produção industrial e cultural, e do incremento das atividades comerciais e de serviços, com o conseqüente aumento da arrecadação tributária, a elevada concentração de renda e riqueza faz perpetuar as crônicas desigualdades sócio-econômicas. Contribui, também, para essa situação bastante preocupante a precariedade da gestão administrativa e política do município e do Estado (como se já não bastassem as deficiências em nível federal).


Fontes:
Emtursa

Secretaria da Cultura da Bahia

P.S.: Imagens retiradas do Google Images. No lado esquerdo, temos a visualização da Cidade Alta e da Cidade Baixa. Já à direita, temos a imagem de uma Salvador pretérita.

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