
Na realidade, o que se chama Chapada Diamantina é uma região de serras situada no centro do Estado da Bahia, apresentando uma vegetação exuberante, composta de espécies da caatinga semi-árida e da flora serrana, com destaque para bromélias, orquídeas e sempre-vivas (essa, cabe salientar, uma espécie endêmica). Mas ela nem sempre foi uma imponente cadeia de serras: há cerca de dois bilhões de anos, um imponente conjunto de depressões sofreu a ação de diversos agentes modificadores, como os ventos e as chuvas, que lhe preencheram os espaços, tornando-se elevações de altitudes significativas. Nas ruas e calçadas das cidades da Chapada Diamantina, lajes de superfícies onduladas revelam a ação dos históricos ventos e águas que passaram sobre areais antigos.
Completam-lhe o cenário suas transparentes piscinas naturais e as belas e ruidosas cachoeiras, que se formam do movimento das águas dos rios Paraguaçu, Jacuípe e Rio de Contas. Os dois pontos mais altos da Bahia estão na Chapada: o Pico do Barbado, com 2.033 metros, é o mais alto do Nordeste, e o Pico das Almas, com 1.958 metros. Não é à toa que se diz que, para desbravar esse paraíso ecológico, não podem faltar curiosidade, coragem, espírito de aventura e muito, muito fôlego e preparo físico. Mas é preciso, acima de tudo, muita sensibilidade. Sensibilidade para entender a possibilidade de “explorá-la” sem destruí-la.
A Chapada Diamantina foi, no período compreendido entre a segunda metade do século XIX e a década de 30, uma região, por assim dizer, “explosiva”, comandada pelos coronéis, chefes das tradicionais famílias proprietárias de terras, que disputavam o poder político local. Até hoje, é uma região marcada por grande concentração de renda e, consequentemente, fortes diferenças sociais. Passando da opulência e prestígio – durante o ciclo do diamante e do ouro, no século XIX – ao abandono, em parte do século XX, a Chapada encontra, na atividade turística (mais precisamente, no Ecoturismo), uma excelente alternativa econômica, com possibilidades de desenvolvimento regional, revalorização cultural e inclusão social.
O Parque Nacional da Chapada Diamantina é uma das mais fascinantes unidades de conservação ambiental do Brasil. Abriga uma extraordinária variedade de ecossistemas, como caatinga, mata atlântica, cerrado e campos rupestres. Foi criado, por meio de um decreto federal, no ano de 1985, abrangendo uma área de 152 mil hectares da Serra do Sincorá e seus arredores, incluindo os municípios de Lençóis, Palmeiras, Andaraí e Mucugê (nesta, concentram-se aproximadamente 52% do parque). Suas montanhas e serras abrigam e sustentam variadas espécimes animais: jaguatiricas, onças, mocós, veados, teiús e seriemas estão entre os principais. As cidades situadas ao redor do Parque Nacional revelam, na rica e singular arquitetura colonial de seus prédios, a importância do ciclo do diamante para a riqueza local e para o Brasil, tornado primeiro produtor mundial no início do século XX. Atualmente, é administrado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA), que tem sua sede em Palmeiras. A realização de qualquer passeio ou roteiro, seja qual for a localidade, deve ser solicitada às associações locais de guias de turismo, o que se justifica por razões de segurança e de proteção ao meio ambiente.
A Chapada abriga também, em seus vales e cumes, diversas comunidades esotéricas e alternativas, a exemplo do Vale do Capão. Pequenos e grandes grupos de pessoas movidas por ideais de vida comuns, como o respeito à natureza, através de práticas agrícolas ecologicamente corretas, a utilização de energias limpas e as experimentações com bioconstrução, propagadores do auto-conhecimento, da vida saudável, praticantes de diversas técnicas alternativas - psicoterapias, astrologias, cromoterapia, florais – desenvolvem trabalhos com a medicina natural (à base de ervas), agricultura orgânica e apicultura, consolidando um modo de vida holístico. Destacam-se a Comunidade Lothlorien, fundada em 1984; a Comunidade Campina, fundada em 1990, às margens do Riachinho; a Comunidade Rodas do Arco-Íris, fundada em 1997, de forte inspiração artística: são músicos, capoeiristas, dançarinos, artistas plásticos, poetas.
Indo à Chapada, não deixe de conhecer Xique-Xique de Igatu, intitulada a Machu Picchu baiana, pois suas ruínas se assemelham às ruínas sagradas dos Incas, no Peru. Acredita-se que Igatu foi descoberta, por volta de 1840, por garimpeiros, que fizeram as obras em pedra. Localiza-se no distrito de Andaraí, distante 114 km de Lençóis. Nos tempos do diamante e do ouro, a vila já teve cerca de 15 mil habitantes; conta, hoje, com menos de 500. Sua arquitetura à base de pedras constitui seu principal atrativo. De.Igatu, no alto da Serra do Sincorá, pode-se apreciar grande parte da Chapada Diamantina: vales profundos, chapadões, a variedade de sua vegetação, a cerração matinal. Em seu entorno, estão cachoeiras, grutas, igrejas e até um cemitério. Recomenda-se, para um melhor aproveitamento da visitação aos atrativos, a companhia de um bom guia, para o que não faltam nativos qualificados, alguns deles ex-garimpeiros, memória viva da história local.
Fontes:
www.faced.ufba.br/~nec/capao.html
www.cidadeshistoricas.art.br/chapada
Guia da Chapada
P.S.: Fotos retiradas do Google Images. A primeira delas é o famoso Poço Encantado. A segunda retrata uma bela vista da cidade de Mucugê. A terceira enfoca uma pequena cachoeira em Mucugê. Já a última é a mais famosa paisagem da Chapada Diamantina.
3 comentários:
Olá!
Tá massa o blog de vocês.
Só uma sugestão: abram os comentários para que não tem conta no blogger.com
se é que vão rolar comentários... o movimento tá meio lento´.
beijos.
Fala, Fernanda,
Bem, eu não havia me tocado sobre isso. Em relação ao movimento, espero que ele suba.
Obrigado,
Victor
caVictor,
Acabei de chegar de uma viagem inspiradora da Chapada Diamantina. Fiz a volta no parque p tive a oportunidade de conhecer Igatu, Mucugê, Vale do Capão e Lençóis. Amei, fiquei encantada, um pedaço do meu coração ficou por lá. Realmente voltei energizada, completa e muito feliz e orgulhosa de ter este local maravilhoso em nosso país. O povo é fascinante, as paisagens cinematográficas. Vale a pena divulgarmos cada vez mais este local mágico. Parabéns pela sua descrição.
Abraços,
Monica
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