quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Sideways: um filme para enoturistas


Já que estamos falando sobre enoturismo, considero válido destacar um filme lançado em 2004, do premiado diretor Alexander Payne: Sideways (traduzido para o português como Sideways: entre umas e outras). Bem, apesar de um certo alvoroço que se fez sobre o filme, Sideways é uma comédia que ultrapassa, em larga medida, o mero estado de “filme engraçado norte-americano”. Ainda assim, não creio que o filme seja uma “obra-prima da comédia”, como apontou o New York Daily News.

Logicamente, não estou aqui para resumir a própria história do filme, mas, ainda assim, considero que seja interessante traçar uma breve sinopse. O filme se desenrola a partir de uma viagem entre dois amigos ao redor da Costa Central da Califórnia. Esta viagem, na verdade, se mostra como despedida de solteiro para um deles, o mulherengo Jack (interpretado por Thomas Haden Church). Por outro lado, Miles (Paul Giamatti, o mesmo que protagonizou Harvey Pekar em Anti-herói AmericanoAmerican Splendor: 2003), é um professor de literatura que encontra-se completamente desolado com a separação daquela que fora seu grande amor. E é exatamente este par ambivalente que se junta em prol do prazer da degustação de vinhos pela Califórnia. Obviamente, não seria novidade dizer que quem se coloca como um verdadeiro connaisseur de vinhos é Miles.

Como Baco já disse em outrora: “que venha a verdade com o vinho”. É justamente esta a metáfora que faz a narrativa de Payne ganhar uma interessante tomada. A partir da degustação dos vinhos (e da tentativa de Miles ensinar este ofício para Jack), os dois amigos passam por diálogos que, apesar de cômicos, tentam evidenciar alguma reflexão sobre como é chegar aos quase quarenta anos e estar sozinho no mundo. Sozinho pelo menos em relação à uma companhia amorosa. Enquanto Jack é um conquistador barato, Miles se mostra como um indivíduo romanticamente apaixonado por uma única mulher e que jamais pode se abrir para outros ares, um legítimo amor nostálgico-platônico. Bem, a partir daí, o que efetivamente acontece é ajustamento entre tais individualidades. E aqui, fica patente um certo aspecto de moralidade: de nada adianta ser um indivíduo como Jack, uma vez que esta profusão de relações amorosas é efêmera e o coloca sozinho, mas também não adianta ser como Miles, um indivíduo perdido num amor não-correspondido. Portanto, Sideways é um filme que está inserido naquilo que podemos chamar de uma “tentativa de redenção do sujeito por ele mesmo”.

Por fim, gostaria de ressaltar a bela trilha sonora e a fotografia também está muito razoável. Um filme que deve ser assistido por todo e qualquer turista que anseia conhecer as rotas de vinho da Califórnia, região célebre por suas vinícolas. Ou, ainda assim, é um filme bacana para ser assistido por um grupo de amigos ao bom vinho e fondue. Pena que, para nós (soteropolitanos), isso seja uma prática muito difícil, devido ao calor da cidade.

Um comentário:

Anônimo disse...

pergunto eu: onde estão as malditas vinícolas soteropolitanas?